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O Vale do Gwangi

  O Vale do Gwangi  ( The Valley of Gwangi ), 1969. De Jim O'Connolly Antes que o  Parque dos Dinossauros  (Spielberg, 1993) catapultasse o gênero em começos dos anos 90 a temática dos mega-monstros já estava sedimentada na tradição cinematográfica. Em  Gwangi  temos uma aventura clássica na qual não há propriamente vilões, embora os conflitos e as rivalidades existam. Os diálogos, os enquadramentos e o desenvolvimento da narrativa seguem de forma esquemática com uma introdução sólida para apresentar as características dos principais personagens. O grande eixo será o embate entre rancheiros e dinossauros com o ponto alto no momento em que os cowboys conseguem laçar um Alossauro (assemelha-se a um Tiranossauro). Tudo isso porque na passagem dos séculos XIX para o XX artistas hípicos texanos estão percorrendo a fronteira com o México, lá eles descobrem o caminho para um antigo vale no qual os dinossauros continuam existindo. Decidem aumentar o prestígio do circo exibindo uma dessas c

Exercício de escrita criativa nº 003

Latidos para Marcelo Eu não entendo este cachorro. Ele é totalmente pirado. Qual é o problema dele? Ele late para aquela árvore o tempo todo, seja dia, seja noite, seja  sol, seja chuva. Haverá algo naquela árvore que eu ainda não identifiquei? Não sei, talvez um ninho de pássaros, uma família de saguis ou mesmo um gato que goste de pular do muro até a árvore. Realmente não sei dizer. Lembro que certa noite acordei com os latidos fui até a janela e vi o cachorro latindo raivosamente em direção à árvore. Ele rosnava, rodopiava, voltava a latir, sentava ofegante. Pensei em ir ao local para ver se eu enxergava alguma coisa, mas estava frio, além disso, tive uma sensação incomum, um tanto quanto irracional. Certo temor se apoderou de mim, imaginei um homem enforcado e preso por uma rôta corda, dependurado. Ninguém podia vê-lo, exceto o cão. Dizem que os animais são bons para isso: veem o sobrenatural. Pelo sim, pelo não, fechei a janela, voltei para cama e fui dormir, custei. Acabei adorme

Exercício de escrita criativa nº 002

 O meu melhor carnaval Não gosto de carnaval, isto é, não gosto de pular carnaval. Aprecio o feriado, o tempo livre e o clima geral de festança. Gosto de colocar-me como observador e não como participante. Desse modo, posso dizer sem erro que o meu melhor carnaval, contraditoriamente, foi a ocasião que eu estive no centro do folguedo. Não quero dizer que fui o grande folião, mas que durante uma briga de rua, pessoas perseguiram um moleque até a casa na qual eu estava; e com toda a descarga de adrenalina no meu corpo tive que segurar o portão para que os foliões não invadissem e pegassem o encrenqueiro (ou a vítima dos encrenqueiros) que eu nem sequer conhecia. Isto é, para mim, o carnaval.  Não recomento.

Jurassic Park - O Parque dos Dinossauros

Jurassic Park - O Parque dos Dinossauros  ( Jurassic Park ), 1993. De Steven Spielberg. Antes de tudo  Jurassic Park  precisa ser entendido como um filme, ou seja, antes da superexploração por meio das franquias pasteurizadas tivemos uma história que realmente valeu o ticket do cinema. Em retrospectiva, podemos ter dificuldade em apreciar seu impacto à evolução do entretenimento, mas o apuro técnico dos efeitos especiais abriu novas possibilidades para os  filmmakers . Jurassic Park  foi a superação do  Tubarão  (também do Spielberg), e se há semelhanças  eles  – o confronto entre homem e natureza e a inversão da relação caça-caçador, por exemplo    – a escala de cada uma dessa mitopéias é distinta. O tubarão era um invasor individual, até interpretado como resultado dos desequilíbrios ecológicos – algo presumível da história de Peter Bencley, o autor do romance original. Já os dinossauros foram resultados do poder da ciência maximizados pela caótica força motriz da vida. Ideia concebi

Os fantasmas de Sugar Land

  Os fantasmas de Sugar Land  ( Ghosts of Sugar Land ), 2019. De Bassam Tariq Um documentário curto (21'), mas reflexivo, discorre sobre o islamismo no contexto de uma sociedade ocidental multiculturalista dita democrática. O filme funciona como uma roda de conversa na qual rapazes muçulmanos debatem sobre a trajetória de um amigo em comum, o Mark. Por ser o único afro-americano da escola, ele se aproximou do grupo dos “morenos”, jovens da comunidade muçulmana que acabam por convertê-lo ao islamismo. Entretanto, ao contrário dos outros, preocupados em fugir dos estereótipos, Mark enfatizava a necessidade de uma islamização agressiva. O assombro ao descobrir o ingresso do amigo no Estado Islâmico evoca várias emoções: medo e tristeza. Na reflexão sobre a perda do companheiro rememoram o tratamento nem sempre respeitoso que o dispensavam. Por eles não se considerarem negros, a questão racial acabava atravessando as brincadeiras. Além disso, Mark era um tipo desgarrado e a procura de

Resenha de filme: Elegia da briga

Elegia da briga ( Kenka erejii ), 1966. De Seijun Suzuki Bem ao espírito dos anos 60 e 70, a Noberu Bagu (apropriação da Nouvelle Vague francesa ) abordou temas importantes da conjuntura transnacional de contestação ao status quo. A década de 1960 foi o auge das revoltas estudantis e influenciou o cinema com uma forte nota provocativa. Os próprios circuitos comerciais, embora utilizados, eram colocados em suspeição. A principal referência da Noberu Bagu é o diretor Nagisa Oshima, mas Seijun Suzuki teve um papel importante nesse movimento com sua abordagem desafiadora e suas críticas ao autoritarismo. Esse é o caso do Elegia da briga que acompanha a paixão de um estudante estudante por uma católica. Para a contenção de seus impulsos sexuais, entendida naquele contexto como fraqueza, passa a fazer parte de uma gangue. Suas brigas se tornam frequentes e violentas, possibilitando a supressão da paixão e do desejo. O contexto é a década de 1930 com a ascensão de um militarismo fascista no

Exercício de escrita criativa nº 001

 O que torna um pôr do sol perfeito? Faça uma lista. O local do qual se observa o pôr do sol; O estado de espírito no dia da observação; Estar só; O horizonte está limpo, mas com algumas poucas nuvens; Estar pedalando e parar ver o sol. Comentário: não foi especificado qual tipo de condição ou classe para o pôr do sol perfeito.